Parabéns à pesquisa realizada pelo laboratório do Instituto de Química e Biotecnologia e ao professor Luiz Carlos Caetano e seu grupo de pesquisa!
A novidade tem como fonte o site da Universidade Federal de Alagoas:
Pomada desenvolvida por pesquisadores da Ufal cura pacientes com HPV
O produto, cuja patente foi solicitada no Brasil e nos EUA, curou as
verrugas genitais dos pacientes com papiloma vírus humano sem efeitos
colaterais nem recidiva
19 de
Março
de 2013
Manuella Soares - jornalista
Sem dor e sem procedimentos invasivos! É
o fim de um dos sintomas mais terríveis do HPV: as verrugas genitais! A
constatação não é mais utopia, é comprovada cientificamente com o
resultado de uma pesquisa realizada por quatro professores da
Universidade Federal de Alagoas. Após 12 anos de estudos, os
pesquisadores tiveram indicação favorável à patente de uma pomada que
curou 100% dos pacientes submetidos ao tratamento do papiloma vírus
humano, no Hospital Universitário.
Tendo como princípio ativo os taninos, a
pomada foi desenvolvida utilizando o extrato de um vegetal comum na
flora do litoral brasileiro, o barbatimão. Mas segundo o professor Luiz
Carlos Caetano, do Instituto de Química e Biotecnologia da Ufal, foi na
Zona da Mata de Alagoas onde os pesquisadores encontraram a solução para
o tratamento do HPV. “A pomada feita com o extrato das cascas do caule
da espécie Abarema cochliocarpos, o barbatimão mais comum na
nossa região, deu o resultado mais eficaz no tratamento dos pacientes. A
suas cascas tem coloração mais avermelhada do que as cascas da planta
encontrada na região do Sudeste do país, por exemplo, e foi por ela que
seguimos nossos estudos”, explicou Caetano. “Vale lembrar que as cascas
do barbatimão são uma das mais comercializadas em feiras do mercado
fitoterápico de Maceió, sendo utilizada pela população mais simples como
agente cicatrizante e anti-inflamatório”, acrescentou.
Tratamento com pomada
Durante cinco anos, 46 pacientes
diagnosticados com alguns dos mais de 200 tipos do papiloma vírus foram
acompanhados no Hospital Universitário. Todos eles passaram por um
tratamento de dois meses, utilizando a pomada duas vezes por dia. O
produto foi cedido aos voluntários pela equipe da pesquisa, financiada
pelo Núcleo de Inovação Tecnológica da Pró-reitoria de Pesquisa e
Pós-graduação (NIT/Propep) da Ufal.
Os efeitos positivos do tratamento
foram percebidos logo nas primeiras aplicações com a diminuição das
lesões. Já os resultados que demoraram mais a aparecer foram observados
nos pacientes que tinham algum tipo de limitação na imunidade.
“Indicamos a pomada em crianças, jovens, idosos, gestantes e até para as
pessoas com imunodeficiência, como é o caso dos portadores de HIV.
Todos constataram a cura do papiloma vírus e, o melhor, sem recorrência
da doença”, comentou o professor Manoel Álvaro.
Há cerca de 15 anos desenvolvendo
pesquisas químicas e biotecnológicas relacionadas ao barbatimão, o
professor Luiz Carlos Caetano trabalhou em conjunto com o agrônomo Pedro
Accioly, professor do Centro de Ciências Agrárias, e o biólogo Zenaldo
Porfírio, docente do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde. Ele
revela que não imaginava alcançar o desenvolvimento de um produto de
aplicação direta na área da saúde.
Mas a parceria com um médico, o professor Manoel Álvaro, foi a medida
certa para a descoberta da pomada que utiliza os taninos do barbatimão,
para curar uma doença que causa efeitos físicos e psicológicos. A
substância de origem vegetal age na desidratação das células infectadas,
que secam, descamam e desaparecem. “O grande mérito disso é mesmo o
ganho social de um estudo que era meramente científico, e, aí, muda o
caminho das nossas vidas”, enfatizou Caetano.
Patente
A Pró-reitoria de Pesquisa e
Pós-graduação está apoiando todo o processo do registro do estudo no
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que já se
posicionou favorável à patenteabilidade da pomada desenvolvida na Ufal. A
Propep também fez o depósito do trabalho nos Estados Unidos, através do
apoio de um projeto financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), o que indica que pode ser a primeira patente internacional da
universidade.
“Nós investimos em pesquisa e queremos o
retorno para reinvestir em outros estudos científicos que beneficiam a
população. Agora, estamos buscando parcerias com grandes laboratórios
para comercializar o produto”, disse a coordenadora do Núcleo de
Inovação Tecnológica da Ufal, Sílvia Uchôa, ressaltando a satisfação do
NIT em acreditar no potencial dos professores da instituição.
“Quando o produto chegar ao mercado
será um divisor de águas, porque vamos oferecer um tratamento sem efeito
colateral e que já nos abre os caminhos para as pesquisas em pacientes
de risco, no combate ao câncer de colo do útero. Esse é o próximo
passo”, adiantou o professor Álvaro.
O que é o HPV
O HPV, o papiloma vírus humano, é uma
doença sexualmente transmissível que atinge milhões de pessoas em todo o
mundo e é um dos responsáveis pelo câncer de colo do útero nas
mulheres. De acordo com o professor Manoel Álvaro, da Faculdade de
Medicina da Ufal, estudos comprovam que uma a cada quatro mulheres
serão infectadas pelo vírus em algum momento da vida. A infecção por
HPV é a principal enfermidade viral transmitida pelo sexo. Atualmente,
os tratamentos para as verrugas genitais que se manifestam de forma
mais ou menos graves em determinados pacientes são invasivos e
dolorosos, além de contraindicados em situações específicas.
“Os tratamentos mais comuns são feitos
por meio de intervenção clínica com ácido tricloroacético, podofilina,
podofilotoxina, laser, crioterapia e cirurgia com cauterização, usando
bisturi elétrico. O que desenvolvemos aqui na Ufal foi uma pomada, de
uso tópico, sem efeito colateral e sem contraindicação. Estamos muito
felizes e orgulhosos dessa pesquisa que vai beneficiar a sociedade. O
impacto disso é muito grande e valioso”, ressaltou o médico Manoel
Álvaro.
Segundo a Organização Mundial da Saúde,
as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) estão entre as dez
principais causas de procura por serviços de saúde no mundo, e o HPV é a
mais comum de todas, atingindo entre 75% e 80% da população, em algum
momento da vida. Estima-se que há em torno de 600 milhões de pessoas
infectadas.
O papiloma vírus humano é classificado
em baixo ou alto risco de câncer. Somente os de alto risco estão
relacionados a tumores malignos e com maior probabilidade de provocar
lesões persistentes. A transmissão do HPV é por contato direto com a
pele infectada. Os HPV genitais são transmitidos por meio das relações
sexuais, podendo causar lesões na vagina, colo do útero, pênis e ânus.
As infecções clínicas mais comuns na região genital são as verrugas
genitais ou condilomas acuminados, popularmente conhecidas como "crista
de galo".
A doença, predominantemente feminina,
também acomete os homens. As pessoas sexualmente ativas devem usar
preservativo para evitar a infecção por HPV. Existem no mercado dois
tipos de vacina que previnem dois tipos do papiloma vírus (a bivalente) e
a que previne os vírus dos tipos 6, 11, 16 e 18 (a quadrivalente).
O
tratamento de prevenção com vacina ainda é caro, encontrado em clínicas
particulares de saúde, mas o Ministério da Saúde já custeia a vacinação
de meninas de 9 a 13 anos de idade, que nunca tiveram contato sexual.
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
aprovou indicação da vacina do HPV para prevenção também do câncer anal.
Cascas do barbatimão
Pomada desenvolvida na Ufal
Fonte:
http://www.ufal.edu.br/noticias/2013/03/pomada-desenvolvida-por-pesquisadores-da-ufal-cura-pacientes-com-hpv